Nascimento
Na manhã de domingo, 18 de julho
de 1880, Elisabete Cates nasce no acampamento militar de Avor, onde seu pai, o
Capitão José Catez, do oitavo esquadrão do trem das equipagens, está em
guarnição. O seu nascimento não esteve isento de dificuldades. Os dois médicos
presentes já haviam advertido o Capitão que seria necessário fazer o sacrifício
desta primeira criança. A mãe sofreu muito durante trinta e seis horas. Mas, no
final da Missa que o Capelão Chaboisseau celebrava nas suas intenções, a
pequena Elisabete vem ao mundo. A criança tem boa saúde, “era muito bonita e
muito esperta”, se recordará a senhora Catez. A 22 de julho, festa de Santa
Maria Madalena (será motivo de alegria para a futura contemplativa), ela é
batizada. (p.12).
Morte do Pai
A 24 de janeiro de 1887 morre
Raymond Rolland, tão hábil, segundo se diz, “na arte de ser avô”. Oito meses
mais tarde, novo luto, bem mais doloroso: na manhã de domingo, 2 de outubro, o
senhor Catez, que já sofrera várias crises cardíacas, morre de modo brusco. (p.14).
Formação
Sem ser rica, a senhora Catez
goza de uma comodidade suficiente para assegurar a formação de suas filhas. Por
volta dos sete anos, Elisabete recebe as primeiras aulas particulares de
francês da senhorita Gemaux, sem dúvida para prepará-la para um ofício de
professora de piano, sua mãe a inscreve no Conservatório de Dijon aos oito anos
de idade.
Eu não tenho fome, Jesus me alimentou
O que se passou no seu coração,
no dia 19 de abril de 1891? Durante a Missa e a ação de graças, lágrimas de
alegria correm sobre seu rosto…Ao sair da Igreja de São Miguel, ela diz a Maria
Luísa hallo: “Eu não tenho fome, Jesus me alimentou…” Pode-se supor a
intensidade deste primeiro encontro com o Corpo de Cristo através de uma de
suas poesias da juventude escrita para o sétimo aniversário desta comunhão –
uma das únicas poesias redigidas unicamente para ela mesma em face de Jesus, e
que formam seu diário íntimo. À tarde, com sua bela veste branca, ela vai
visitar a Madre Priora do Carmelo. Maria de Jesus explica-lhe o significado de
seu nome hebreu: “Elisabete é a casa de Deus”. A menina está e permanecerá
profundamente impressionada. Ela experimentou tão bem esta manhã que Deus nela
habita!
Entrada no Carmelo
O dia 2 de agosto de 1901 traz
também para Elisabete a paz profunda de poder, enfim, dizer sim a Jesus que a
quer no Carmelo. Nesta manhã ela escreve ao Cônego Angles: “Nós comungaremos na
Missa das oito horas e, depois disto, quando Ele estiver no meu coração, mamãe
me conduzirá à porta da clausura!” Quando Ele estiver no meu coração… Ela
termina: “Eu sinto que sou toda sua, que não reservo nada, lanço-me nos seus
braços como uma criancinha”. (p.22).
A 2 de agosto de 1901, data de
sua entrada, vinte e quatro Irmãs vivem no interior, e duas Irmãs veleiras na
habitação exterior. Elisabete é a sétima jovem do “noviciado”, onde se
permanece ainda três anos após a profissão (não havia naquela época os votos
temporários). (p.23)
A 11 de janeiro de 1903, na festa
da Epifania, após treze meses de noviciado, Irmã Elisabete da Trindade, aceita
por unanimidade por sua Comunidade, consagra-se a Deus pela Profissão por toda
a eternidade(p.24).
O noviciado
Se os quatro meses de seu
postulantado transcorreram na alegria e na luz, o ano de noviciado foi tanto
mais duro e penoso. A oração tornou-se árida; pela segunda vez, Elisabete está
regularmente agoniada pelos escrúpulos devidos em parte a seu desejo de fazer
tudo com perfeição; sua saúde vacila um pouco; sua sensibilidade (o traço
dominante de seu caráter, afirma ela durante o seu postulantado) vibra
dolorosamente. Mas ninguém conhece este sofrimento afora suas Superioras. (p.24).
O sofrimento
Todo sofrimento será então
vivenciado por Elisabete numa perspectiva relacional. Ela carrega a sua Cruz em
obediência a Jesus que convida seus discípulos a “segui-lo” (Mt 8, 34). Eu não
posso dizer que amo o sofrimento em si mesmo, mas o amo porque ele me faz
conforme Àquele que é meu Esposo e meu Amor. (p.27).
Antes do fim de março de 1906,
Elisabete entra na enfermaria do Carmelo. O enfraquecimento progressivo dos
últimos meses a confina num esgotamento total. Alimenta-se sempre com maior
dificuldade. (p.28).
“É assim que Madre Germana
classifica os oito meses e meio da terrível enfermidade de Elisabete. É
impossível retraçar aqui com detalhes a evolução desta doença nem toda a
riqueza espiritual que a acompanha. (p.29)
Provavelmente à seguida de uma
tuberculose, Elisabete foi atingida pela doença de Addison, então incurável,
afecção crônica das glândulas suprarrenais que não produziram mais as
substâncias necessárias para o metabolismo. Donde resulta a astenia
característica, perturbação gastrointestinal, náuseas, hipotensão arterial, (quase)
impossibilidade de se alimentar, emagrecimento, tudo isto conduz a um
esgotamento físico total e à morte. Sobre este estado geral se inserem com
Elisabete outras complicações, como ulcerações interiores, fortes dores de
cabeça, insônias… À medida que ela se aproxima da morte, todos estes sintomas
se manifestam mais violentamente. Há também crises mais agudas, como a do dia
13 de Maio quando pensou que fosse morrer. (p.29).
“Madre Germana fala de seu corpo “comparável
a um esqueleto”, literalmente calcinado”. Francisco de Sourdon, recordando-se
do corpo de sua amiga exposto depois de sua morte, afirma: “Ela estava
assustadora. Sentia-se uma criatura destruída, consumida”. (p.30).
A morte
“No dia de todos os Santos,
comunga pela última vez. (…) Elisabete sai de sua prostração e pede perdão às
suas irmãs em termos emocionantes. Convidada a lhes dizer ainda alguma palavra,
ela responde: “Tudo passa! …Na tarde da vida só o amor permanece …É preciso
fazer tudo por amor; é preciso se esquecer sem cessar: o bom Deus ama tanto
quem se esquece de si …Ah! se eu tivesse feito sempre assim! …A noite de 8 para
9 de novembro é penosíssima. A seus sofrimentos se acrescenta a asfixia …Quase
sem que se perceba ela cessa de respirar. Era por volta das seis horas e quinze
minutos. (p.32).
A 9 de novembro: Morre aos 26
anos de idade. (p.36)
Bibliografia: Elisabete da Trindade. Obras Completas.
Editora. Vozes.
Sobre o Processo de Canonização da Beata Elisabete da Trindade!
“No dia 11 de julho de 2011, no
Arcebispado de Dijon, na presença do Monsenhor Roland Minnerah, Arcebispo da
Diocese, teve início o processo “Super Miro” para a canonização da Beata
Elisabete da Trindade (1880-1906).
Depois de uma breve oração,
estando na presença de uma relíquia da carmelita de Dijon, os membros do
tribunal prestaram juramento: Monsenhor Ennio Apeciti, da Arquidiocese de
Milão, como juiz delegado arquidiocesano, o Cônego Paul Chadeuf, como promotor
de justiça, e Dom Yves Frot como notário.
O Chanceler Arquidiocesano,
Cônego Marc Galen, leu o “Supplice Libello” do Vice-Postulador da Causa, Padre Antônio
de la Madre de Dios, OCD, com o qual pediu o início do processo em virtude do
suposto milagre, atribuído à intercessão da Beata.
Logo na primeira sessão, ocorreu
o interrogatório das três carmelitas descalças do Carmelo de Dijon-Flavignerot,
onde ocorreu o suposto milagre da cura da senhorita belga Marie-Paul Stevens.
Professora de ensino religioso no Instituto dos Irmãos Maristas de Malmedy (Bélgica),
Marie-Paul começou, em maio de 1997, a experimentar problemas na salivação e
dificuldade para articular as palavras.
Algumas semanas depois, uma amiga
médica lhe aconselhou a fazer alguns exames clínicos. Constatou-se, então, que
ela havia contraído a síndrome de Sjogren, a qual atinge gradualmente o
organismo. Durante a doença, muitas pessoas fizeram a novena da Irmã Elisabete
da Trindade pedindo a cura de Marie-Paul. Por sugestão de vários médicos, ela
iniciou a quimioterapia, a qual não obteve nenhum resultado.
A situação piorava e havia risco
de morte. Por isso, ela decidiu viajar ao Carmelo de Flavignerot para agradecer
à Irmã Isabel por tê-la sustentado durante esse tempo de doença. No dia 2 de
abril de 2002, depois de ter rezado na capela do Carmelo e ter agradecido à
Irmã Isabel, sentou-se em uma pequena pedra do jardim do mosteiro. De repente,
e diante da admiração dos amigos que lhe acompanhavam, levantou-se e, com as
mãos elevadas ao céu, exclamou cheia de alegria: “Não tenho mais nenhuma
doença!” Desde então, retomou sua vida normal.”
Fonte: http://www.portalcarmelitano.org.
Beata Elisabete da Trindade,
rogai por nós!