Não é sem razão que a Igreja, no meio da Quaresma, tira o
roxo, no dia 19 de março, e coloca o branco na liturgia, para celebrar a festa
de São José, esposo da Virgem Maria. Entre todos os homens de seu tempo, Deus
escolheu o glorioso São José para ser pai adotivo de Seu Filho divino e humano.
E Jesus lhe era submisso, como nos mostra São Lucas.
Sabemos que Deus Todo-poderoso, para quem "nada é
impossível" (Lc 1,37) e que tudo governa com sabedoria infinita, nada pode
escolher de menos belo e perfeito, que não seja para sua glória. Desde toda a
eternidade, ao determinar a Encarnação do Verbo, quis o Pai que Ele fosse
concebido por uma virgem, concebida, por sua vez, sem pecado original, unindo
em Si as alegrias da maternidade à flor da virgindade. Porém, para completar o
quadro, tornava-se necessária a presença de alguém que projetasse, na terra, a
própria "sombra do Pai". "O Senhor escolheu para Si um homem
segundo o seu coração" (1 Sm 13,14).
São José foi pai verdadeiro de Jesus, não pela carne, mas
pelo coração; protegeu o Menino das mãos assassinas de Herodes, o Grande e
ensinou-lhe o caminho do trabalho. Jesus não se envergonhou de ser chamado
“Filho do carpinteiro”. Naquela rude carpintaria de Nazaré, ele trabalhou até
iniciar Sua vida pública, mostrando-nos que o trabalho é redentor.
Na história da salvação coube a São José dar a Jesus um nome,
fazê-lo descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as
promessas divinas. A José coube a honra e a glória de dar o nome a Jesus na sua
circuncisão. O Anjo disse-lhe: “Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o
nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).
A vida exemplar de São José é exemplo para todos nós. Num
tempo de crise de autoridade paterna, onde os pais já não conseguem “conquistar
seus filhos” e fazerem-se obedecer como devem, o exemplo do Menino Jesus
submisso a seu pai torna-se urgente. Isto mostra-nos a enorme importância do
pai na vida dos filhos. Se o Filho de Deus quis ter um pai, ao menos adotivo,
neste mundo, o que dizer de muitos filhos que crescem sem o pai? O que dizer de
tantos “filhos órfãos de pais vivos” que existem no Brasil, como disse-nos,
aqui mesmo, em 1997, o Papa João Paulo II? São José é o modelo de pai presente
e atencioso, de esposo amoroso e fiel.
São José, tal como a Virgem Maria, com o seu 'sim' a Deus, no
meio da noite, preparou a chegada do Salvador. Deus contou com ele e não foi
decepcionado. Que possa contar também conosco! Cada um de nós também tem uma
missão a cumprir no plano de Deus. E o mais importante é dizer 'sim' a Deus
como São José. “Despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado”
(Mt 1,24).
José é como alguém disse: “o servo que faz muito sem dizer
nada; o especial agente secreto de Deus”. Ele é o mestre da oração e da
contemplação, da obediência e da fé. São José viveu o que ensinou João Batista:
“É preciso que Ele cresça e eu diminua (Jo 3,30).
Felipe Aquino, É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de
aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta
dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e
"Pergunte e Responderemos"